Rua Chemin Del Pra, 256 / 260 / 266 - São Paulo - SP 11 2971-1898 11 2959-7780 11 94563-0331 (Somente Whatsapp)

Esquemas de Aterramento

Os esquemas de aterramento constituem, talvez, um dos assuntos mais nebulosos, tratando de instalações elétricas em edificações. Aparentemente simples, há diversas configurações, com suas especificidades e diferenças entre si. O propósito deste texto é, portanto, tentar simplificar o tema, para que sejam compreendidas as escolhas em projeto.

O aterramento consiste em ligação intencional e de baixa impedância [2] de estruturas e/ou da instalação com a terra, de forma a:

  • Estabelecer uma referência (potencial zero) para a rede elétrica;
  • Criar um caminho para a dispersão de uma corrente elétrica.

Existem, portanto, dois propósitos para este elemento da instalação: um funcional e um de proteção.

A norma ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão define os esquemas de aterramento admitidos, dadas as circunstâncias da edificação.

Esquemas de Aterramento

Figura 1: Simbologia utilizada na classificação dos esquemas de aterramento. Retirado de [A].


Esses esquemas são referidos através de letras, num formato XY-Z. Vamos entender seu significado:

Tratando de instalações elétricas prediais comerciais ou residenciais, o esquema de aterramento mais utilizado é o TN e, por isso, dar-se-á atenção especial a ele.

Esquema TN

Fazendo uso da simbologia disposta na figura 1 acima, depreende-se, deste esquema, que: a) o ponto de alimentação é aterrado e b) as massas [1] são ligadas ao ponto da alimentação aterrado, através de condutores.

Neste esquema, existem três variantes, a saber:

TN-S

Existem condutores diferentes para a função de neutro [3] e de proteção (PE) [4]

Esquemas de Aterramento

Figura 2: Diagrama do esquema TN-S. Retirado de [A].


No diagrama, as linhas chamadas de L1, L2 e L3 representam os condutores das fases; o N representa o condutor neutro e PE, o condutor de proteção.

Perceba que se trata de uma instalação trifásica a cinco condutores, isto é, três condutores para as fases, um para o neutro e um para proteção (aterramento). As partes metálicas estranhas à instalação (massas) são ligadas diretamente ao condutor de proteção.

Note-se que o neutro e o condutor de proteção são aterrados na alimentação e não se encontram mais ao longo da instalação.

TN-C-S

Existem condutores diferentes para as funções de neutro e de proteção somente em parte da instalação.

Esquemas de Aterramento

Figura 3: Diagrama do esquema TN-C-S. Retirado de [A].


Este esquema é o mais adotado em instalações prediais comerciais e residenciais, dada a redução de custo de utilizar-se apenas um condutor, PEN (neutro e terra combinados), na maior parte da instalação, sem prejuízo de proteção.

Esquemas de Aterramento

Figura 4: Exemplo de Quadro de Distribuição de uma Unidade de Consumo, como um apartamento.


Na figura 4, é possível observar a configuração de um quadro elétrico de uma unidade de consumo, no sistema TN-C-S. Ainda que cheguem quatro condutores ao quadro, não há perda de proteção ou segurança: os DPS’s (Dispositivos de Proteção Contra Surtos) fazem a proteção contra eventuais surtos de tensão; o DR (Dispositivo Diferencial-Residual), por sua vez, faz a proteção contra eventuais fugas de corrente, inclusive contra choques elétricos diretos; e o condutor de proteção (PE – “terra”) faz o aterramento das massas, evitando choques elétricos indiretos.

Esta solução é a mais comumente utilizada, inclusive nos padrões da concessionária, por diversos motivos, desde econômicos, práticos e confiáveis.

Apesar disso, em algumas situações a serem avaliadas pelo projetista, o sistema TN-C-S pode não ser a solução mais indicada, adotando-se nestes casos específicos o uso de outro sistema indicado em Norma.

Outros esquemas

Existem ainda diversos outros esquemas de aterramento, como o TN-C, o TT e o IT, utilizados em outros tipos de instalações com necessidades diferentes.

NA INSTALAÇÃO

Um exemplo prático de construção de sistemas de aterramento é a inserção de hastes cobreadas no solo, conectadas entre si de maneira a reduzir a impedância. Deste sistema, é derivado um ou mais condutores que serão conectados ao Barramento de Equipotencialização Principal (BEP) da edificação.

Esquemas de Aterramento

Figura 5: Exemplo de haste utilizada em sistemas de aterramento.


Esquemas de Aterramento

Figura 6: Quadro de Distribuição Compacto (QDC-15), localizado no Centro de Medição.


Na porção inferior esquerda do quadro de distribuição (figura 6), há um condutor verde, que vem do sistema de aterramento. Este cabo é conectado ao Barramento de Equipotencialização Principal (BEP), ao qual também são conectados os condutores neutros. Isto é feito de forma a igualar ambos os condutores ao potencial da terra.

Esquemas de Aterramento

Figura 9: Porção inferior de uma Caixa Tipo N, que contém os barramentos de distribuição.


Do quadro de distribuição, este PEN pode ser distribuído às caixas de medição. Na figura 9, é possível observar parte de uma Caixa tipo N de Medição. O primeiro barramento, de cima para baixo, é do PEN. Dali, pode ser derivado somente um condutor PEN (TN-C e TN-C-S) para cada unidade, ou então um condutor neutro e um de proteção (TN-S)

Esquemas de Aterramento

Figura 10: Caixa porta-bases, no Centro de Medição.


A figura 10 trata de uma configuração no esquema TN-S. Pode-se observar, na caixa porta-bases, localizada no Centro de Medição, que partem cinco cabos elétricos para cada unidade: três condutores de fases, um condutor neutro e um condutor de proteção (PE), que deriva do barramento da imagem.

Esquemas de Aterramento

Figura 11: Caixa porta-bases, no Centro de Medição.

Na figura 11, observam-se quatro condutores por unidade, sendo eles três condutores de fases e um condutor PEN (funções de neutro e terra combinadas), no esquema TN-C-S.


Conclusões

A dúvida, em instalações elétricas prediais, gira em torno da escolha entre os esquemas TN-S e TN-C-S, pois tem-se a impressão de que o segundo é menos seguro. De fato, o TN-S oferece maior proteção e referência a equipamentos elétricos sensíveis, como aparelhos eletrônicos sofisticados ou então de equipamentos de medição como, por exemplo, um osciloscópio.

Para o usuário comum, esta diferença é, na maioria das vezes, imperceptível. Dado o maior custo de implementação (já que se trata de um cabo a mais para cada unidade de consumo) , acaba-se optando, normalmente, pelo TN-C-S, que deve contar, por norma, com dispositivos de proteção contra sobrecargas, surtos de tensão e fugas de corrente, estabelecendo um uso seguro e confiável da energia elétrica.

Glossário

[1] Massa: partes condutoras que não são energizadas em condições normais. Exemplo: carcaças metálicas de equipamentos.

[2] Impedância: oposição, “resistência” à corrente elétrica de um objeto, quando submetido a uma tensão.

[3] Condutor neutro: elemento de equilíbrio e referência do circuito, que, em regime permanente ideal, apresenta potencial zero e corrente nula, embora possa vir a apresentar tensão e corrente diferentes de zero.

[4] Condutor de proteção (PE): popularmente conhecido como “terra”, é o condutor cuja função é servir de rota de dispersão de correntes, em direção ao aterramento.

REFERÊNCIAS

[A] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Versão Corrigida. Rio de Janeiro, 2008.

COTRIM, Ademaro A. M. B. Instalações Elétricas. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003.

AES ELETROPAULO. LIG-2014: Fornecimento de energia elétrica em tensão secundária de distribuição LIG BT. 12 ed. São Paulo: AES Eletropaulo, 2014. Disponível em: https://www.eneldistribuicaosp.com.br/Documents/LIG%20BT%2012%C2%B0%20edi%C3%A7%C3%A3o%20%E2%80%93%202014.pdf.

Acesso em: 06 jan. 2020.

SANTOS, Carlos Eduardo da Cruz. REVISÃO DE ATERRAMENTO PARA INSTALAÇÕES PREDIAIS. 2018. 89 f., Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10026282.pdf.

Acesso em: 10 jan. 2020.

CABRAL, Sérgio Henrique Lopes. Esquemas elétricos de aterramento: Análise comparativa de funcionalidades. 2010. Disponível em: https://www.osetoreletrico.com.br/wp-content/uploads/2010/07/ed53_fasc_seguranca_trabalho_capVI.pdf.

Acesso em: 14 jan. 2020.


chamar no WhatsApp
chamar no WhatsApp
Comercial Exclusiva Engenharia LTDA exclusivaengenharia.com.br Online
Fale com a gente pelo WhatsApp
×