É comum que condomínios antigos possuam instalações elétricas obsoletas frente aos atuais padrões de consumo elétrico: basta compararmos a quantidade de aparelhos que temos hoje à de 30 anos atrás. Apesar de mais eficientes energeticamente, hoje temos outras necessidades e maior acesso a equipamentos como ar-condicionado, aquecedores, fritadeiras, computadores, televisores, dentre outros.
Sabendo disso, é importante adequar as instalações à nova realidade, promovendo maior segurança de uso, mais conforto e até mesmo a valorização do imóvel.
Figura 1: Utilização de disjuntores antigos, não normatizados e muitas vezes mal dimensionados: Em muitos casos, as Prumadas Elétricas e as demais instalações originais possuem capacidade inferior ao dimensionamento dos novos disjuntores instalados sem critério, eliminando-se, desta forma, a função de proteção dos dispositivos e colocando-se as instalações em grave risco.
Na figura 1, podemos notar uma “solução” perigosíssima: disjuntores mal dimensionados. O Disjuntor Termomagnético é um dispositivo de proteção que, basicamente, tem a ação baseada em dois princípios: o térmico (contra sobrecargas, em período de tempo prolongado) e o magnético (contra curtos-circuitos). Quando mal-dimensionado, acaba perdendo sua função de proteção. No caso da imagem, um disjuntor de 90 A está muito acima da capacidade da instalação, que neste exemplo é de apenas 30A: basta observar os condutores que ele deveria proteger. Estes condutores podem sobreaquecer e até mesmo causar incêndios, uma vez que o disjuntor não atuará. Por isso, é fundamental dimensionar adequadamente estes dispositivos.
A simples regularização destas proteções inadequadas é possível (dimensionamento correto dos disjuntores em relação à fiação existente), porém, em muitos casos, acaba causando outro problema para as unidades, pois devido à redução / adequação dos dispositivos de segurança, impõe-se às unidades o limite de demanda elétrica dimensionado na época em que a edificação foi concebida, que é, em geral, muito inferior às necessidades modernas atuais, provocando-se o constante desligamento destes dispositivos.
UM EXEMPLO PRÁTICO
O apartamento-tipo de um edifício residencial de mais de 30 anos de idade, em geral, possui disponibilidade de apenas 40 A no sistema bifásico, ou seja, 8,8 kVA.
Para se ter uma ideia, um chuveiro elétrico comum pode consumir cerca de 7,8kVA. Um chuveiro mais sofisticado, como um KDT® ou Cardal®, pode chegar a 8,8kVA, o que é mais do que toda a capacidade da unidade. Nestes casos, se os dispositivos gerais de proteção elétrica de cada unidade estiverem devidamente dimensionados, certamente ocorrerão desligamentos constantes, dada a necessidade ser maior que a disponibilidade.
Figura 4: Exemplo de um chuveiro elétrico da marca LORENZETTI®, que consome cerca de 7,8kW. (Divulgação fabricante).
Figura 5: Exemplo de um chuveiro elétrico da marca KDT®, que consome cerca de 8,8kW. (Divulgação fabricante)
É importante ressaltar que as instalações elétricas não são projetadas para a utilização simultânea da capacidade máxima das unidades. Isto quer dizer que, embora a unidade possa consumir 40 A em dado momento, as instalações não têm capacidade para suprir todas as unidades em sua demanda nominal, o que pode se tornar um problema em horários de pico de consumo. A solução mais indicada, então, é a solicitação de ampliação de carga, junto à concessionária.
Figura 2: Após a execução do projeto de reforma e alteração de carga - aumento da carga disponibilizada para as unidades, dimensionamento correto dos dispositivos de proteção, de acordo com as normas vigentes.
Para isso, é necessário elaborar um projeto de reforma com acréscimo de carga na Entrada de Energia e no Centro de Medição, além de substituir as Prumadas Elétricas – quando necessário.
O projeto de reforma consiste em desenho técnico que detalha as instalações desde o ponto de entrega (Entrada de Energia) até a medição das unidades. Junto ao projeto, é necessário elaborar um memorial de cálculos, justificando o pedido de aumento de carga. Para isso, consulta-se o cliente quanto à demanda desejada, isto é, quanto será disponibilizado para cada unidade, de forma a definir e dimensionar corretamente o projeto, desde a seção dos condutores de entrada, diâmetro dos eletrodutos, acondicionamento dos medidores, dispositivos de proteção, infraestruturas, condutores das unidades, etc.
Figura 3: Exemplo de projeto de reforma com alteração de carga.
O projeto, então, é submetido à análise de técnicos da concessionária, para que seja liberado e então se programa a sua posterior execução. Além disso, com a análise deste projeto, é verificado se será necessário executar algum serviço de rede, isto é, alguma adequação na rede elétrica, por parte da concessionária, sendo no sistema aéreo ou subterrâneo para atender à solicitação do aumento de carga.
Caso haja a necessidade da execução de algum serviço na rede externa, poderá ou não haver algum custo repassado diretamente ao solicitante, dependendo do tipo do serviço necessário e dos enquadramentos da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Versão Corrigida. Rio de Janeiro, 2008.
AES ELETROPAULO. LIG-2014: Fornecimento de energia elétrica em tensão secundária de distribuição LIG BT. 12 ed. São Paulo: AES Eletropaulo, 2014. Disponível em: https://www.eneldistribuicaosp.com.br/Documents/LIG%20BT%2012%C2%B0%20edi%C3%A7%C3%A3o%20%E2%80%93%202014.pdf. Acesso em: 09 jan. 2020.
